Fim da PLR na Petrobras, disputas e conceitos

PLR MeritocraciaPor Marcelo Samogin, Diretor da Remunerar em 13 de Maio de 2019.

Não é de hoje que a Petrobras tem sido notícia, não por sua importância para o Brasil, mas por conta do tamanho de seu endividamento, sucessivas fraudes, inclusive desinvestimentos pesados, com vendas de ativos e chiadeira geral por parte da federação de sindicatos dos trabalhadores.

Nova diretoria

A nova diretoria que assumiu a empresa junto com o novo presidente não perdeu tempo e disse que o PLR não existirá em 2020. No lugar dele haverá um plano de remuneração variável (RV) reforçando a meritocracia na empresa.

Potencial de ganho, muito acima do mercado

Segundo notícias, o pessoal operacional e base sem cargo de chefia poderão receber 2,0 salários para o alvo de 100% das metas, podendo atingir 2,6 se houver superação. Nada mal. Segundo pesquisas da Remunerar, apenas 32,4% das empresas pagam mais de 1,0 salários para atingimento de 100% das metas. Na Petrobras será o dobro. Caso queira receber este estudo da Remunerar sobre PLR com mais de 400 empresas, por favor nos contate.

Enquete PLR nas empresas
Enquete PLR nas empresas

A velha discussão das metas

Não há bons modelos de remuneração variável sem boas metas, fato. O sindicato não gosta de discutir metas, é um assunto indigesto. O antigo PLR da empresa levava em conta metas operacionais apenas. Independente da empresa apresentar lucros ou prejuízos, acredite. Como se a área de operações fosse uma outra empresa a parte.

Nova diretoria, novas metas

Para 2020 o plano de RV prevê metas operacionais, financeiras, de segurança (importantes) e desinvestimento, para o descontentamento geral dos sindicatos que entendem que a empresa não deve vender seus ativos para voltar a ser mais rentável, e se concentrar nos negócios mais promissores.

O sindicato entende também que os funcionários não respondem por questões financeiras, e pouco as influenciam. De fato, o grau de influência do time operacional sobre decisões financeiras é limitado, mas como em qualquer empresa, o sucesso depende de uma combinação de metas e boa execução, do nível operacional até o nível de diretoria, como um time engajado pelas mesmas causas. Em 2020, uma das metas financeiras mais importantes é o lucro de R$10 bilhões que as operações deverão entregar.

Pagamento de PLR mesmo com prejuízos? Sim.

A questão financeira é a mais gritante, como pagar PLR se não há lucro? Bem neste ponto, os sindicatos entendem que a empresa tem a obrigação de pagar, não importando os resultados financeiros, como empresa de capital misto, em caso de prejuízo a conta será sempre repartida entre acionistas privados e contribuintes pagadores de impostos.

O plano de desinvestimento, a melhor sacada

A lei 10.101 que regulamentou a PLR em 2000, não diz quais metas as empresas podem eleger como importantes para mensurar resultados. Elas têm liberdade para escolherem os mais relevantes conforme o negócio. Em 2016 houve uma atualização com algumas restrições sobre metas, como por exemplo, perda de PLR por acidentes de trabalho ficou proibida. Na verdade é uma interferência do legislador nas empresas. Ao contrário, o correto seria premiar altos níveis de segurança, como alguns dos clientes da Remunerar têm feito.

Os sindicatos são contra a privatização, por entenderem que os empregos da categoria estarão em risco. De forma sagaz a empresa incluiu o desinvestimento como maneira quase “sine qua non” de se atingir os resultados econômicos, para assim perseguirem as metas financeiras e haver chance de pagar a RV em 2020. Absolutamente dentro da lei.

A versão, e aversão dos sindicatos

Os sindicatos entendem que a PLR é um direito e não poderá ser substituída sem negociação, e que pela lei 10.101 deve ser mantida. Entendem que outros e novos planos de premiação podem ser adicionados apenas. Entendem por ideologia que ativos não devem ser vendidos, que podem causar desemprego e perda de índices de segurança. Como princípio, a empresa tem somente o dever de adicionar benefícios e mais benefícios, sem contrapartidas, uma vez que até a PLR deve ser paga, independente da empresa ter ou não lucros. Uma enorme distorção frente às práticas do setor privado.

Sistema de consequências

Outra novidade geradora de ruído é a chance de um chefe poder ao seu critério reduzir ou cortar o valor de RV de um funcionário por um erro de trabalho. Não raro, encontramos formatos de premiação que também penalizam um funcionário ou equipe quando há erros com prejuízos. Não há certo ou errado, cada empresa e cultura define se valoriza o acerto ou o erro. Não há como prever situações de má fé ou sabotagem, entendemos que o modelo de RV não deve ter o viés que supõem posturas como esta no trabalho, ainda mais em operações de alto risco de acidentes como numa petroleira.

Sem adiantamentos

O modelo plano de RV não prevê adiantamento do valor a ser pago em janeiro, como ocorre atualmente. A data limite de pagamento do PLR atual é maio, mas a empresa antecipava parte dos valores a pagar em janeiro.

Mais que uma empresa, uma petroleira

A Petrobras é um símbolo nacional, por motivos diversos, desde sua destaque em exploração de óleo e gás em águas profundas, até escândalos, fraudes e desvios patrocinados por quadrilhas.

É uma empresa que ocupa um espaço na economia brasileira e mundial de destaque por conta de sua cadeia de valor que movimenta, empregos diretos e indiretos, arrecadação de impostos, questões ambientais e de governo, e tantas outras.

O petróleo no mundo perde valor a cada dia, basta andar pelas ruas de São Francisco, San Matteo, Palo Alto e perceber rapidamente que o petróleo não terá o mesmo valor no futuro. Os carros elétricos ou eletrificados são uma realidade, com preços decrescentes. Andar com um veículo movido à gasolina ou diesel no futuro, será como fumar charutos dentro de um asilo de idosos, incompatível. Além do mais outras fontes renováveis de energia ameaçam as petroleiras.

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Sobre o autor

Marcelo Samogin, Diretor da REMUNERAR, consultoria especializada em remuneração estratégica e soluções de meritocracia. Nos últimos 30 anos atuou como profissional especialista em remuneração e executivo de RH nos segmentos de indústrias B2B e B2C, prestação de serviços e varejo de luxo. Fundou e lidera desde 2011 a consultoria REMUNERAR que atendeu mais de 50 clientes e projetos exclusivos de meritocracia desde 2011. Professor convidado da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) e Fundação Dom Cabral (FDC PAEX) para os temas Gestão de Pessoas e Remuneração Estratégica. Ex diretor do Grupo de Remuneração e Benefícios da AAPSA. Coordenador do Grupo de Remuneração Estratégica da ABRH-SP Região Oeste.

Sobre a Remunerar

A REMUNERAR tem por missão desenvolver soluções inteligentes de remuneração e recompensa que transformem os desafios de produtividade e crescimento de seus clientes em oportunidades para obterem resultados diferenciados através das pessoas.

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